Eu queria escrever sobre a nossa dificuldade em aceitar o diferente. Em como só sabemos medir pela nossa régua.
Há tempos venho buscando uma vida mais simples e sem excessos. Por conta disso doei alguns móveis, roupas, sapatos, maquiagem e fiz algumas opções de vida tais como andar mais a pé (minha intenção é deixar de ter carro um dia), tentar produzir o mínimo possível de lixo, economizar água, deixar de comer animais que possuem glândula pineal, me espiritualizar mais, selecionar melhor minhas leituras, bem como programas de Tv entre outros.
Percebi que ao fazer 40 anos fiquei mais reflexiva e, pode soar esquisito por conta do adiantando da idade, e nada imediatista. Penso a longo prazo. Passei por uma mini crise, todavia ela, ao invés de me deixar depressiva, me mostrou que em cada idade existe uma beleza diferente. E se antes eu fazia atividade física e cuidava da alimentação pensando somente na estética, hoje penso em saúde. Em estar bem pra terminar de criar meu filho e quem sabe poder ver meus netos. Em estar com pique pra curtir meu marido, fazer trabalhos voluntários e por ai vai. Se antes me preocupava com as rugas que surgiram hoje olho pra elas com amor, pois sei o que cada uma delas significa.
Estas mudanças não brotaram de um dia pro outro. É todo um amadurecimento de ideias e pensamentos que começou por dentro e daí se exteriorizou, por que o movimento contrário não produz efeitos duradouros. Trata-se somente de uma mascara difícil de carregar por muito tempo e uma hora ela cai.
Por conta destas mudanças tenho enfrentado situações difíceis. Sinto que muitas vezes as pessoas me olham como se eu fosse um ET ou uma louca simplesmente por não entenderem que prefiro andar na contramão do que vejo por ai. Não me interessa mais morar em um apartamento gigante se um pequeno me acolhe da mesma forma. Nele podemos ficar mais perto uns dos outros, há menos espaço e coisas pra limpar me deixando assim com tempo livre pra fazer coisas que me dão imenso prazer. Também não precisamos de dois carros na garagem. Um só nos serve muito bem. Embora eu goste bastante de viajar, sempre vou escolher os lugares que ninguém quer ir. Não me interessa viajar para lugar X só por que todo mundo vai.
Não quero passar por esta vida somente pensando em acumular coisas e morrendo de trabalhar pra manter um padrão de vida bobo. Quero ter o coração tranquilo e estar em paz. Pra mim, pra minha verdade, ter uma mochila pesada não funciona. Basta o necessário. Por que quanto mais temos mais energia e tempo gastamos tentando manter. E eu definitivamente não quero gastar as coisas mais valiosas que possuo – tempo e energia – com a materialidade. Não mesmo.
Preciso agora só aprender a não me incomodar com a reprovação alheia. Por mais que diga que não ligo com o que pensam a meu respeito ainda tenho a dificuldade de querer me fazer entender no que se refere ao meu novo estilo de vida. Esta é uma batalha que travo no meu íntimo.
Ontem li um quote no facebook que dizia: “a vida do outro não te interessa. A única vida que você deve cuidar é da sua.” E não é bem assim? Se você encontra um estilo de vida diferente do seu apenas respeite. A única vida que você tem o dever de julgar é a sua. Saiba que cada um busca para si o que melhor lhe parece e se adéqua a seus gostos. Cada um trava batalhas imensas tentando encontrar uma maneira de viver melhor e não temos o direito de julgar, escarnecer ou diminuir.
Nestas eleições provamos o pior das pessoas. Elas mostraram o pior de si. E eu não acho mesmo que seja por conta do desagrado da não eleição do seu candidato, mas sim por que elas já são assim e acabaram se mostrando. Simplesmente não conseguem conviver com o desagrado e daí destilam os piores venenos e nesta minha busca pelo viver ideal abri mão de conviver com pessoas assim, pois me faz muito mal. Mas isso continuo em outro post.
Sigo adiante com minhas escolhas e suas consequências. Quero partir daqui quando chegar a minha hora, com o peito leve, mas cheio do Ser. O tempo do Ter já passou.
É isso!